Potencial mineral do Centro-Oeste: Evolução e perspectivas sob a ótica dos Direitos Minerários

A Região Centro-Oeste consolidou-se, nas últimas duas décadas, como um polo importante da mineração brasileira. O avanço do conhecimento geológico, o aumento da exploração e a diversificação das commodities exploradas transformaram essa região em um dos centros mais dinâmicos do setor nacional, acompanhando os grandes vetores de transformação econômica e energética do país.

A diversidade de recursos fica evidente ao analisarmos a distribuição e o volume de minas ativas em 2025 no Centro-Oeste. Conforme dados do Jazida.com, a Faixa Brasília, em Goiás, concentra minerais críticos, fertilizantes, metais preciosos e metais base; o Maciço do Urucum, em Corumbá (MS), mantém-se como referência na produção de ferro e manganês, e o Mato Grosso se destaca na extração de ouro, sobretudo nas províncias Juruena–Teles Pires, Baixada Cuiabana, Nova Xavantina e Alto Guaporé.

A mineração polimetálica de zinco, cobre e chumbo em Aripuanã (MT) e a exploração de níquel, cobre, nióbio e terras raras em Goiás são fundamentais para fortalecer as cadeias de suprimentos da transição energética no Brasil.

Ao mesmo tempo, o calcário, amplamente distribuído pelas Faixas Paraguai e Brasília, atua como pilar essencial para o agronegócio regional.

Figura 1: Lavras em atividade em 2025. Fonte: Jazida.

Duas décadas de expansão e consolidação produtiva

O fortalecimento mineral do Centro-Oeste pode ser mensurado a partir do recolhimento da CFEM, que somou cerca de R$ 3 bilhões em valores nominais, entre 2004 e 2024.

Figura 2: Arrecadação CFEM de 2004-2024. Fonte: Jazida.

A arrecadação da CFEM vem apresentando resultados expressivos nos últimos anos. Em 2020 o valor arrecadado era de aproximadamente R$ 200 milhões, e já em  2021houve um salto expressivo, ultrapassando a marca anual de R$ 300 milhões, patamar que se manteve consolidado até 2024. Esse aumento superior a 40% reflete a combinação de alguns vetores:

  1. Aumento expressivo da produção de ferro e manganês em Corumbá (MS), principalmente após a aquisição de ativos da Vale pela JBS em 2022;
  2. Expansão do cobre, níquel e nióbio;
  3. Consolidação do fosfato e avanço da produção de ouro;
  4. Crescimento contínuo do calcário, acompanhando a forte expansão da produção agrícola regional.

Com o avanço da arrecadação da CFEM, percebe-se também como a diversificação da produção mineral vem consolidando o protagonismo do Centro-Oeste no cenário nacional. Em 2024, a região registrou um importante marco: a entrada em operação da Mineração Serra Verde, em Minaçu (GO), única produtora de terras raras em atividade no Brasil, responsável por R$ 2,9 milhões em CFEM.

Nos últimos 20 anos, os minerais críticos lideraram as arrecadações, somando R$ 934 milhões. Essa performance foi impulsionada pelo cobre (R$ 544 milhões), níquel (R$ 241 milhões) e nióbio (R$ 141 milhões). O estado de Goiás foi crucial para esses resultados, com as operações da Lundin Mining (cobre, em Alto Horizonte), da Anglo American Níquel (níquel, em Barro Alto e Niquelândia) e da CMOC (nióbio, em Catalão e Ouvidor).

Nos metais preciosos, o ouro mantém relevância com R$ 589 milhões arrecadados nas últimas duas décadas, especialmente em Mato Grosso e Goiás. No setor de fertilizantes, o fosfato é o grande destaque, explorado principalmente em Catalão e Ouvidor (GO) pelas empresas CMOC e Mosaic Fertilizantes, refletindo a força do agronegócio regional.

O Calcário, essencial para a correção de solos agrícolas, acompanha diretamente o forte crescimento do agronegócio. Entre 2004 e 2024, a produção de soja no Centro-Oeste passou de 24 milhões para 67 milhões de toneladas, enquanto a de milho cresceu de 9 milhões para 69 milhões de toneladas. Esse avanço expressivo da produção agrícola impulsionou significativamente a extração de calcário, e a região centro-oeste passou a representar 39% da produção nacional, com arrecadação de R$ 603 milhões em CFEM

Com o fortalecimento da produção de ferro, manganês, zinco e alumínio, o Centro-Oeste se firma como uma das regiões mais diversificadas e estratégicas da mineração brasileira.

Exploração mineral na região Centro-oeste

O crescimento sucessivo na arrecadação da CFEM no Centro-Oeste reflete um aumento na produção mineral da região. A atratividade da área é evidente, nos últimos 20 anos foram registrados mais de 34 mil requerimentos de pesquisa mineral relacionados às substâncias analisadas: Minerais críticos, Metais preciosos, Fertilizantes e sais, Calcário e Metais base.

Ciclos de investimentos e prioridades: 

  • 2007 a 2012 – Foi o período marcado por uma “corrida por requerimentos”, com ênfase em metais base e preciosos. Nessa fase, a média anual ultrapassou 6 milhões de hectares requeridos, quase o dobro da média histórica de longo prazo (cerca de 3,5 milhões de hectares/ano).
  • 2017 a 2019 – Nova onda de interesse, dessa vez concentrada no cobre, mineral crítico. Apenas em 2017, foram mais de 2,5 milhões de hectares requeridos; em 2018, cerca de 1,6 milhão; e em 2019, aproximadamente 631 mil hectares.
Figura 3: Requerimentos de 2004-2024. Fonte: Jazida.
  • 2022 a 2024 – Período recente, que evidencia a crescente procura por terras raras e a manutenção do interesse por minerais críticos, sobretudo o cobre. Nesse triênio, foram protocolados quase 4 mil requerimentos, totalizando mais de 7 milhões de hectares. A distribuição por grupo de substâncias mostra a seguinte proporção: minerais críticos (39%), metais preciosos (33%) e terras raras (11%).
Figura 4: Requerimentos de 2022-2024. Fonte: Jazida.

As áreas de requerimentos no último triênio reforçam as zonas de maior atratividade geológica, permitindo visualizar onde se concentram os esforços exploratórios mais recentes.

Figura 5: Em 2022, foram protocolados 1.143 requerimentos, totalizando 2 milhões de hectares, apresentados por 463 requerentes. A demanda concentrou-se sobretudo em metais preciosos e metais críticos. Fonte: Jazida.
Figura 6: Em 2023, observou-se uma retração: a área requerida caiu 15% (1,7 milhão de hectares), o número de requerimentos diminuiu 17% (951) e o de requerentes recuou 19% (377). Ainda assim, manteve-se a predominância da busca por metais preciosos, metais críticos. Fonte: Jazida.
Figura 7: Em 2024, houve uma forte recuperação, com o volume de áreas requeridas alcançando 3,6 milhões de hectares, mais que o dobro do registrado no ano anterior. O número de requerimentos aumentou 74% (1.650) e o de requerentes cresceu 29% (485). Nesse período, os interesses se voltaram principalmente para metais críticos, metais preciosos e terras raras. Fonte: Jazida.

Fertilidade mineral da região Centro-Oeste pela ótica das descobertas de novas jazidas

O aumento da eficiência exploratória e o fortalecimento de investimentos têm revelado o potencial mineral da região, refletindo um movimento consistente de expansão e amadurecimento do setor.

Entre 2004 e 2024, foram comunicadas 1.683 descobertas de recursos minerais, apresentação de Relatório Final de Pesquisa Positivo, na região Centro-Oeste, resultando em uma taxa de sucesso de 4,9%, acima da média nacional de 4%, de acordo com os levantamentos realizados pelo Jazida.com.

Até 2023, as descobertas abrangiam, em média, uma área inferior a 100 mil hectares por ano. No entanto, em 2023 observou-se uma expansão significativa, com mais de 250 mil hectares com comunicado de descobertas. Em 2024, os números se mantiveram elevados, com mais de 200 mil hectares, com relatórios de pesquisa positivos. Esse crescimento foi impulsionado, principalmente, pela exploração e descobertas de jazidas de ouro.

Figura 9: Descobertas de recursos minerais de 2004-2024.

Entre 2022 e 2024, foram registradas descobertas em mais de 480 direitos minerários, totalizando mais de 540 mil hectares. Desse total, 63% correspondem a metais preciosos, 11% a metais críticos e 10% a fertilizantes e sais, evidenciando a diversidade e o potencial estratégico dos recursos identificados na região.

Figura 10: Em 2022, 95 relatórios de pesquisa positivos, comunicados por 50 titulares, cobrindo 65 mil hectares. Fonte: Jazida.
Figura 11: Em 2023, 177 relatórios positivos (alta de 86%), comunicados por 90 titulares (crescimento de 80%), abrangendo 253 mil hectares (expansão de 287%). Fonte: Jazida.
Figura 12: Em 2024, 216 relatórios positivos (aumento de 22%), apresentados por 139 titulares (crescimento de 54%), recobrindo 223 mil hectares (leve retração de 12%). Fonte: Jazida.

Essa evolução recente evidencia os investimentos em pesquisa mineral no Centro-Oeste, tanto pela intensificação da prospecção aurífera quanto pelo alinhamento às demandas globais por minerais críticos.

Evolução da pesquisa mineral na região Centro-Oeste pós-covid 19

Como observado, entre 2020 e 2024, a pesquisa mineral no Centro-Oeste apresentou uma expansão expressiva, refletida tanto no aumento das áreas requeridas quanto na evolução de projetos para estágios mais avançados. O crescimento é especialmente perceptível nos estados de Mato Grosso e Goiás, que se destacam pela ampliação das áreas destinadas à pesquisa, demonstrando o dinamismo e a atratividade da região para novos investimentos. Essa tendência reflete o fortalecimento do interesse pelo potencial geológico do Centro-Oeste, impulsionado pela valorização de minerais estratégicos, pelos avanços tecnológicos e por políticas de estímulo à mineração implementadas no período pós-pandemia.

Figura 8: Evolução nas áreas requeridas e em operação de 2020-2024. Fonte: Jazida.

A área total de requerimentos e autorizações de pesquisa mineral registrou um crescimento de 26% em quatro anos, passando de 8,1 milhões de hectares em 2020 para 10,2 milhões de hectares em 2024. Esse avanço foi acompanhado por uma expansão ainda mais expressiva nas fases de pré-operação e operação, que aumentaram mais de 56%, de 0,9 milhão para 1,4 milhão de hectares.

Os números refletem a transição de diversos projetos da etapa exploratória para a fase operacional, resultado da identificação de recursos minerais economicamente viáveis. Entre os exemplos mais representativos, destacam-se a entrada em operação de projetos de terras raras em Minaçu (GO) e do complexo polimetálico de zinco, cobre e chumbo em Aripuanã (MT), que reforçam o avanço da mineração nacional rumo à consolidação de novas frentes produtivas.

O futuro da mineração na região Centro-oeste

O interesse do mercado pelo potencial mineral do Centro-Oeste é quantificado no valor dos ativos. As Rodadas de Disponibilidade da ANM (2018–2024) arrecadaram mais de R$ 175 milhões, e o valor médio dos lances em 2024 superou os R$ 180 mil, indicando forte competição e alta valorização.

Figura 13: Estoque de áreas aguardando disponibilidade e das rodadas de oferta pública. Fonte: Jazida.

O potencial futuro é ainda mais expressivo. Caso o estoque atual de 10,8 mil áreas (14,4 milhões de hectares) seja efetivamente ofertado, a arrecadação possivelmente superará R$ 500 milhões, além de garantir receitas adicionais estimadas em R$ 116 milhões via TAH nos anos subsequentes.

Regiões que já registraram lances acima de R$ 100 mil em rodadas passadas despontam como zonas de interesse estratégico. Nesse contexto, os trabalhos do Serviço Geológico do Brasil (SGB) desempenham papel central, oferecendo mapeamentos detalhados que orientam decisões e reduzem incertezas.

Figura 14: Potencial Geológico de áreas estratégicas. Fonte: Jazida.

Assim, a convergência entre políticas públicas, valorização de minerais estratégicos e expansão da base de conhecimento geológico projeta o Centro-Oeste como um dos polos promissores da mineração brasileira nos próximos anos.

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Perguntas Frequentes - Potencial Mineral do Centro-Oeste

1.Quais são os principais minerais explorados no Centro-Oeste?

A região se destaca pela produção de ouro, cobre, ferro, níquel, fosfato, nióbio, manganês, alumínio e calcário, além de avanços na extração de terras raras.

2.Como evoluiu a arrecadação da CFEM no Centro-Oeste nos últimos anos?

Entre 2004 e 2024, a CFEM ultrapassou R$ 3 bilhões, com destaque para o salto entre 2020 e 2024, quando houve aumento de mais de 40% na arrecadação.

3.Quais fatores impulsionam o crescimento da mineração no Centro-Oeste?

A valorização dos minerais críticos, impulsionado pela transição energética, a expansão agrícola, os investimentos em tecnologia e a ampliação de pesquisas geológicas são os principais vetores de crescimento.

4.O que as descobertas de novas jazidas revelam sobre o potencial da região?

De 2004 a 2024, foram comunicadas mais de 1.600 descobertas, com destaque para jazidas de ouro e minerais críticos, refletindo eficiência exploratória acima da média nacional.

5.Qual o papel do Jazida.com nesse cenário de expansão minerária?

O Jazida.com oferece inteligência de dados e tecnologia para gestão dos direitos minerários, facilitando o acompanhamento da evolução da mineração e identificando novas oportunidades.